A capital iraniana, Teerã, vive dias de êxodo em massa. Milhões de moradores estão deixando a cidade às pressas, impulsionados pelo medo de novos ataques israelenses e pela incerteza de um conflito que se agrava a cada dia. A situação, descrita por muitos como caótica, reflete a crescente tensão na região e a vulnerabilidade da população civil diante da escalada militar.
A onda de pânico começou após uma série de bombardeios israelenses que, inicialmente, miravam instalações nucleares e militares, mas rapidamente se estenderam a áreas residenciais de Teerã. A capital, com uma população de cerca de 10 milhões de habitantes, não possui abrigos antiaéreos adequados para proteger seus cidadãos, o que intensifica a sensação de desamparo.
O cenário de apreensão foi ainda mais acentuado por um alerta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, em suas redes sociais, instou os moradores de Teerã a deixarem a cidade “imediatamente”. Embora a declaração tenha sido posteriormente amenizada por autoridades israelenses, o impacto na população foi imediato, resultando em quilômetros de congestionamentos nas saídas da cidade, filas intermináveis em postos de gasolina e o esvaziamento de bairros inteiros.
Civis no Fogo Cruzado: Um Drama Humano
A analista iraniano-americana Holly Dagres, pesquisadora sênior do Washington Institute, descreveu a situação como um drama humano, onde “os civis iranianos estão presos em fogo cruzado”. Ela ressalta que a população está profundamente chocada e assustada, vivendo há décadas sob um regime que, em sua essência, “faz guerra contra seu próprio povo”. A especialista enfatiza que os iranianos não desejam a guerra e se sentem impotentes diante da situação.
A falta de infraestrutura de proteção para civis é um ponto crítico. A promessa do Irã de abrir mesquitas, estações de metrô e escolas como abrigos improvisados gerou indignação nas redes sociais, com muitos usuários criticando a ausência de medidas de segurança adequadas para a população.
As ruas de Teerã, antes movimentadas, agora estão silenciosas. Comércios fecharam suas portas e supermercados operam com prateleiras vazias. Quedas de energia e cortes de água são frequentes, agravando as dificuldades de uma população que já enfrenta temperaturas diárias acima de 35°C.
Muitos dos que fogem da capital buscam refúgio no norte do país, em direção ao Mar Cáspio, ou em cidades menores no interior, afastadas de alvos militares. Estrangeiros de diversas nacionalidades também estão deixando o Irã, utilizando rotas de fuga para países vizinhos como Azerbaijão e Armênia. Segundo a agência de notícias AFP, mais de 600 cidadãos estrangeiros de 17 países já atravessaram a fronteira para o Azerbaijão desde o início dos ataques.
Apelos por Paz e Negociação
Sociólogos e especialistas internacionais, como Mehrdad Darvishpour, professor na Universidade de Mälardalen, na Suécia, alertam que “esta não é uma guerra entre os povos iraniano e israelense, e deve acabar o quanto antes”. Ele defende que a única forma de evitar uma destruição maior é através da pressão global para deter os ataques israelenses e forçar o Irã a negociar.
Referência: DW