A publicitária brasileira Juliana Marins, de 26 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira (24/06) no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, após uma angustiante busca de quatro dias. Juliana havia caído em uma ribanceira de difícil acesso durante uma trilha, permanecendo sem água, comida ou abrigo, o que resultou em seu falecimento. A notícia foi confirmada pela família através das redes sociais, gerando comoção e indignação no Brasil e no mundo.
O Acidente e as Dificuldades do Resgate
O acidente ocorreu na madrugada da última sexta-feira (20/06), quando Juliana participava de uma trilha guiada em um dos trechos mais perigosos do Monte Rinjani, um vulcão conhecido por suas paisagens deslumbrantes, mas também por seu terreno traiçoeiro. Desde a queda, seis equipes de resgate, com o apoio de helicópteros e equipamentos especializados, enfrentaram condições climáticas adversas, incluindo chuvas intensas, terreno instável e neblina densa, que dificultaram o acesso e o contato direto com a vítima.
O corpo de Juliana foi localizado por uma das equipes que desceu pela encosta da região conhecida como Cemara Nunggal, entre 2.600 e 3.000 metros de altitude. A operação de resgate foi marcada por desafios extremos, impedindo uma resposta rápida nas primeiras horas após o acidente. A causa exata da morte ainda será determinada pelas autoridades locais.
Quem Era Juliana Marins?
Natural de Niterói, Rio de Janeiro, Juliana Marins era publicitária e uma apaixonada por viagens e esportes ao ar livre. Desde fevereiro deste ano, ela estava em um mochilão pelo Sudeste Asiático, explorando países como Filipinas, Tailândia, Vietnã e Indonésia. Em suas redes sociais, Juliana compartilhava a intensidade de suas experiências, como em uma publicação de 29 de maio, onde escreveu: “Fazer uma viagem longa sozinha significa que o sentir vai sempre ser mais intenso e imprevisível do que a gente tá acostumado. E tá tudo bem. Nunca me senti tão viva”.
Controvérsias e Indignação
A queda de Juliana mobilizou autoridades, voluntários, a equipe do Parque Nacional de Rinjani, e amigos e familiares no Brasil. No entanto, a demora no resgate e a decisão de manter o parque aberto para turistas durante as buscas geraram forte indignação. Familiares e personalidades públicas, como a primeira-dama Janja da Silva, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, o governador do Rio Cláudio Castro, o ator Yuri Marçal e a atriz Tatá Werneck, manifestaram pesar e criticaram a atuação das autoridades indonésias.
“Juliana Marins não morreu na queda. Ela morreu pelo descaso. Morreu esperando um resgate, enquanto o governo da Indonésia sequer demonstrou preocupação. Drones sobrevoavam o local, mas nenhum levou comida ou água. Ela morreu por negligência e abandono”, escreveu um internauta, ecoando o sentimento de muitos.
O guia que acompanhava Juliana, Ali Musthofa, negou ter abandonado a publicitária, afirmando que a aconselhou a descansar e que a esperaria mais à frente na trilha. Ele prestou depoimento à polícia e relatou ter acionado o resgate após perceber a queda de Juliana.
Após a descoberta do corpo, as autoridades da Província de Nusa Tenggara Barat anunciaram o fechamento temporário da trilha para facilitar a evacuação e garantir a segurança. O Monte Rinjani, com mais de 3,7 mil metros de altura, tem um histórico de acidentes graves, com ao menos outras cinco mortes nos últimos cinco anos, incluindo um português em 2022 e um malaio em maio deste ano.
Prefeitura de Niterói decreta luto oficial
A Prefeitura de Niterói decretou luto oficial de três dias pela morte da jovem Juliana Marins, moradora da cidade, que foi encontrada sem vida nesta terça-feira (24) na Ilha de Lombok, na Indonésia. Juliana estava desaparecida desde o último fim de semana e sua busca mobilizou familiares, amigos e centenas de brasileiros nas redes sociais.
Desde o início, o prefeito Rodrigo Neves esteve em contato com a família e buscou apoio junto à Embaixada do Brasil em Jacarta, cobrando providências das autoridades locais. O prefeito destacou a dificuldade enfrentada nas ações de resgate por conta da precariedade da estrutura disponível na região.
“Diferente do Brasil, que conta com um Corpo de Bombeiros profissional e bem treinado, vimos uma atuação voluntária e limitada para dar uma resposta no tempo necessário. Que Deus conforte a família da Juliana e todos os seus amigos nesse momento de dor. Ela era uma jovem que amava Niterói e sonhava em descobrir o mundo”, afirmou Rodrigo Neves.
A Prefeitura também está preparando uma homenagem em memória de Juliana, que será anunciada nos próximos dias.